Ok. Ok. Ok. Eu estava muito bem na minha mesa, eu poderia ter ficado a noite inteira conversando com a minha tia, ou vendo alguns casais dançar Beatles no salão. Tá. Eu menti. Estava entediada e gostaria de sair procurando por novidades. Não tinha companhia, as minhas amigas ainda não tinham aparecido. Elas costumam fazer isso: aparecer quando todo mundo está indo embora.
Uma delas chegou. Ficamos vistoriando as pessoas que conhecíamos, falando com aquelas que mais gostávamos, e mais tarde, dançamos. Era noite de natal. Era uma noite e eu não havia pensando em você, quase me senti orgulhosa.
Uma delas chegou. Ficamos vistoriando as pessoas que conhecíamos, falando com aquelas que mais gostávamos, e mais tarde, dançamos. Era noite de natal. Era uma noite e eu não havia pensando em você, quase me senti orgulhosa.
Eu não sei em que momento virei em direção ao bar, mas consegui te ver. Você e o seu grupinho. Não congelei, resolvi seguir em frente como estava fazendo desde sempre. Eu não esperava mais nada de você. Eu consegui aprender isso com o tempo: não esperar nada das pessoas. Continuei a me divertir, ou tentar fazer isso. E de repente, quando todas as minhas amigas estavam com algum carinha, você chegou. E eu quase te abracei por isso.
"Oi. Nós podemos conversar?" - você perguntou. "Podemos." - eu respondi.
Nós conversamos. E eu acho que a gente quase conseguiu brigar nos primeiros dez minutos. Mas era natal, e as pessoas meio que se tornam mais compreensíveis nesse dia, então escutei. Você me falou o que nunca esperei escutar. Um parte de mim, manteve um pé atrás, a outra parte, gostaria de ter pego a tua mão e migrado para outro lugar. Não importaria qual fosse.
A parte do pé atrás venceu - e essa parte vencer, me rouba a alegria as vezes. E dessa vez não seria diferente, seria? Seria.
Nós ficamos juntos, nós conseguimos rir e conversar bobagens, enquanto o tempo voava. Consegui bolar frases com o meu raciocínio lógico preservado. E você conseguiu ser bonitinho sem ser pedante. Você foi mais do que bonitinho. Disso eu tenho certeza.
Como eu não sou uma pessoa fácil de desarmar, me contive. Me contive, quando na verdade a única coisa a qual eu não deveria ter feito, era isso: me conter. Quando você perguntou se eu gostava um pouquinho de você, só um pouquinho, eu disse que não. Eu poderia ter escolhido falar. Poderia ter escolhido dizer tudo o que eu preciso te dizer. E hoje, eu tenho certeza - uma certeza engarrafada - de que aquele foi o momento. Não hoje, não agora. Há alguns meses atrás.
Juro que não esperava isso na minha madrugada de natal. Juro que não imaginei, que não bolei encontros, que não formulei frases de efeito. Eu não estava preparada para você acontecer, e você aconteceu. Você aconteceu no momento errado, ou fui eu que não aconteci no momento certo. Eu ainda não decidi quem levará a culpa, mas até agora, todas as estatísticas apontam para mim - os dedos das minhas amigas também.
Dias depois resolvi pensar que aquele foi o meu presente de natal. O presente que reclamei por todo novembro. O presente que eu achei que nunca iria receber. Um presente de abóbora, que durou bem mais do que até a meia noite, mas que ainda assim tinha tempo para se desfazer. Para se transformar em realidade, em segunda-feira. Transformou-se. O que mais é o amor além de mutação? Isso também vale para sorte. O meu presente tinha tempo marcado para não durar tanto tempo. Foi o presente que coube a nós dois.
Talvez você aí - sim, você - esteja pensando que é um final triste. Eu concordo. Li em algum lugar que finais tristes dão boas histórias. Mesmo eu não gostando tanto de finais. Eu não me importaria em ter um final feliz, mesmo que a história seja fraquinha, água com açúcar. E isso tudo ainda me faz indagar uma nova pergunta.
Será se a gente chegou no final? Bom, eu prefiro acreditar que não.
"Oi. Nós podemos conversar?" - você perguntou. "Podemos." - eu respondi.
Nós conversamos. E eu acho que a gente quase conseguiu brigar nos primeiros dez minutos. Mas era natal, e as pessoas meio que se tornam mais compreensíveis nesse dia, então escutei. Você me falou o que nunca esperei escutar. Um parte de mim, manteve um pé atrás, a outra parte, gostaria de ter pego a tua mão e migrado para outro lugar. Não importaria qual fosse.
A parte do pé atrás venceu - e essa parte vencer, me rouba a alegria as vezes. E dessa vez não seria diferente, seria? Seria.
Nós ficamos juntos, nós conseguimos rir e conversar bobagens, enquanto o tempo voava. Consegui bolar frases com o meu raciocínio lógico preservado. E você conseguiu ser bonitinho sem ser pedante. Você foi mais do que bonitinho. Disso eu tenho certeza.
Como eu não sou uma pessoa fácil de desarmar, me contive. Me contive, quando na verdade a única coisa a qual eu não deveria ter feito, era isso: me conter. Quando você perguntou se eu gostava um pouquinho de você, só um pouquinho, eu disse que não. Eu poderia ter escolhido falar. Poderia ter escolhido dizer tudo o que eu preciso te dizer. E hoje, eu tenho certeza - uma certeza engarrafada - de que aquele foi o momento. Não hoje, não agora. Há alguns meses atrás.
Juro que não esperava isso na minha madrugada de natal. Juro que não imaginei, que não bolei encontros, que não formulei frases de efeito. Eu não estava preparada para você acontecer, e você aconteceu. Você aconteceu no momento errado, ou fui eu que não aconteci no momento certo. Eu ainda não decidi quem levará a culpa, mas até agora, todas as estatísticas apontam para mim - os dedos das minhas amigas também.
Dias depois resolvi pensar que aquele foi o meu presente de natal. O presente que reclamei por todo novembro. O presente que eu achei que nunca iria receber. Um presente de abóbora, que durou bem mais do que até a meia noite, mas que ainda assim tinha tempo para se desfazer. Para se transformar em realidade, em segunda-feira. Transformou-se. O que mais é o amor além de mutação? Isso também vale para sorte. O meu presente tinha tempo marcado para não durar tanto tempo. Foi o presente que coube a nós dois.
Talvez você aí - sim, você - esteja pensando que é um final triste. Eu concordo. Li em algum lugar que finais tristes dão boas histórias. Mesmo eu não gostando tanto de finais. Eu não me importaria em ter um final feliz, mesmo que a história seja fraquinha, água com açúcar. E isso tudo ainda me faz indagar uma nova pergunta.
Será se a gente chegou no final? Bom, eu prefiro acreditar que não.
Clara V.