quinta-feira, 7 de março de 2013

Quando o assunto é a gente.


Ontem eu saí com umas amigas. A gente sentou naquele sushi que um dia você me convidou para ir e recusei. Odeio sushi - ou eu adoro dizer que odeio aquilo que eu nunca provei. Sabe-se que este é o ponto: saí. Saí e até o momento não havia pensando em você por dias ou semanas.

Peguei carona da minha mãe - não tenho carta de motorista - dane-se. Peguei carona da minha mãe e como muitas outras vezes peguei uma tonelada de dicas. É só a minha mãe que acha que tenho 12 anos? Aposto que não.

Desci. Despedi-me. Dei tchauzinho. Tchau, mãe. Tchau, filha. E lá fui eu andando pela avenida até  o bendito sushi. Esperando um zilhão de carros me cederem a vez. Esperando que alguma alma bendita fizesse com que aquele semáforo indicasse sinal vermelho. Fechou. Olhei para o lado esquerdo da rua: vi você.

Bom, eu gostaria de dizer que vi apenas você. Eu não me importo em te ver. Eu até gosto. Mesmo que a gente fale um "oi" triste e choroso. Eu não me importo. Mas você estava com uma garota. Uma garota tão bonita e totalmente diferente de mim que me deu um frio na espinha. E eu acho que escutei o som de 5.000 prédios desmoronando. Poderia não ser os prédios, mas que era a minha alma, não se resta dúvidas. Não mesmo.

Você abriu a porta para ela. Eu podia ver. Podia vê-la colocando os cabelos atrás da orelha. Podia vê-la puxar a blusa azul clarinha. Podia vê-lo sorrindo. Um sorriso tão diferente do que sorria para mim. E algo começou a me doer, algo lá no fundo. Algo que eu não poderia descrever. Acho que era o fim da minha esperança.

No fundo, sujo, despedaçado, escondido. Lá no fundo, eu achava que você poderia gostar um pouco de mim. Só um pouquinho. No mais eu vi que você não conseguiria. Você nunca conseguiria gostar de alguém. Você sempre depositou todo o seu amor em si mesmo e nessa força descomunal em destruir o coração dos outros. Ou o meu.

Acho que quase chorei. Fiquei paralisada enquanto o sinal abriu outra vez. E provavelmente eu precisava esperar com você. E isso seria um pouco demais para mim. Sim, Senhor.

Então eu vi que você me viu. Olhou por um tempo, enquanto outro amigo seu saia do carro. Ficou me olhando de uma forma assustada, como se eu fosse um fantasma que você não esperava ver - ou não queria ver. Ou, talvez - com o meu coração puxando saco - me olhava acreditando que depois daquela eu não iria querer te ver outra vez. E bom, eu queria que você estivesse certo. Mas posso te contar uma coisa? Eu não me importaria em te ver outra vez.

Mas te amar outra vez, te amar outra vez, não é mais comigo.

Eu atravessei a avenida movimentada. Sem olhar para os lados, ou para você. Eu não aguentaria mais um minutinho ali. E fui. Não morri por sorte ou azar. Depende do seu ponto de vista. Me despedi das minhas amigas. Elas não entenderam bem... até te ver. Até te ver com outro alguém. Qualquer um podia ver, só você não viu.

E você não ter me visto naquela hora foi uma das piores coisas que já me aconteceram quando o assunto é a gente.

Mas a gente não é mais, ou quem sabe, a gente nunca tenha sido.

Clara V.



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