A semana correu e o
grande dia chegou. Digamos que eu esteja com a corda no pescoço. Não consegui
escrever uma única linha e a única coisa que me deixa feliz é olhar o meu
vestido sobre a cama. Quando vovó ou papai perguntam-me sobre o discurso, digo
que estou indo bem. Indo bem mal. Em algumas horas estarei tendo a minha imagem
transmitida em cadeia nacional e internacional. Da varanda posso ver as vans de
diversas emissoras de televisão instalando-se frente ao castelo. Olga disse que
a cidade está exasperada. Afinal, ninguém sabe o motivo do convite do rei,
ninguém sabe o que ele irá anunciar. Quer dizer, quase ninguém.
Acordei
cedo, na verdade, não dormi. Estou frente a porta na espera de Lola e Lívia. Quando
elas entram, as puxo rapidamente.
-
Preciso da ajuda de vocês!
-
É só pedir, princesa Ana – Lola parece aflita, Lívia está sem cor.
-
Não é nada sério. Só preciso de uma informação... vocês saberiam me levar até a
sala onde os vídeos caseiros estão?
Elas
sorriram. Acho que foi um sim.
Não
precisamos caminhar muito. A sala ficava bem próxima dos quartos. Havia alguns
sofás felpudos espalhados e uma grande tela para projeção. Pedi que me
deixassem sozinha. Elas saíram logo depois.
Os
vídeos estavam ordenados sobre uma estante de madeira. Eram organizados por
ano. Procurei o ano do meu nascimento. E lá estavam nove fitas empilhadas.
Peguei uma delas e coloquei no aparelho de vídeo. Eram daqueles convencionais,
que existiam na casa da tia Janine, na minha casa.
Demorou
alguns minutos até que uma mulher muito parecida comigo apareceu sobre a tela,
primeiro o seu sorriso, depois a voz dela chamando o meu nome “Ana”. E depois,
bem pequena, com uma coroa de flores na cabeça: eu. Aquele bebê que eu nunca
vi. Nós estávamos no jardim. E eu acho que era primavera. Havia uma longa
toalha azul estendida na grama e maças espalhadas sobre a toalha, algo que
parecia suco de laranja. Logo depois apareceu o meu pai e então eles entraram
numa conversa inaudível, eu estava ali quietinha, os olhando. A Ana do vídeo e
a Ana de carne e osso.
Eu
não pude segurar o choro. Era ela. A minha mãe. Ninguém iria conseguir segurar.
O choro iniciou-se de forma comprimida, com os meus braços envolvendo os meus
joelhos, como se eles fossem uma espécie de âncora, e me ajudassem a não afogar
caso o barco afundasse. Depois vieram os soluços, que comprimiam o meu
diafragma de uma forma absolutamente voraz sempre que apareciam. E só então as
lágrimas escorrendo feito cachoeira, que se misturavam com os sorrisos da mamãe
quando escutei saindo do vídeo um “eu te amo, Ana”.
A
porta se abriu e eu não me importei, eu sabia que Lola e Lívia provavelmente
não iriam sair da porta. Elas ouviram os meus berros e apareceram. Elas sempre
aparecem. Eu continuei chorando sem nenhuma vergonha, elas também choram.
Princesas podem chorar. E alguém me abraçou, alguém com braços musculosos e
barba por fazer. Alguém com um toque que me acalmou, alguém com o perfume de
Lorenzo.
Lorenzo
sempre tem que aparecer.
Quando
eu finalmente o encarei, ele conseguiu enxugar algumas lágrimas que ainda saíam
dos meus olhos. E nós ficamos ali no escuro, olhando um pro outro. Sem falar
nada, com o coração batendo forte.
Os
seus dedos então vagaram pelas minhas bochechas, subiram do meu nariz para
minha testa, desceram pelos meus cabelos até a minha nuca. O soluço ainda
permanecia, só que mais brando, mais baixo.
Eu
puxei ele para mais perto, pelo colarinho da camisa, e coloquei a minha cabeça
sobre o seu ombro enquanto ele beijava o meu pescoço e logo depois a minha
testa. Então ele deitou logo ali no sofá, ainda olhando para mim, acariciando a
minha mão. Deitei em seguida ao seu lado, agora com a cabeça sobre o seu peito
que subia e descia devagar, enquanto ele fazia cafuné no meu cabelo.
Ele
não disse nada, nem eu. Fiquei com medo daquele momento ser apagado de alguma
forma, porque a gente não registrou nada com uma palavra. E eu precisava
registrar aquilo com uma palavra. Não com qualquer palavra. Eu precisava
registrar aquilo com um “obrigada”. E foi exatamente o que eu fiz.
Uma avalanche de
pessoas com maletas e penteados esquisitos passaram a entrar no meu quarto. E
esse número só crescia. Fui apresentada por Olga à um cara alto de cabelos
vermelhos ardentes e olhos azuis, ele chamava-se Adamastor e sorria o tempo
todo. Adamastor insistiu para que eu transformasse o meu cabelo, com um corte
“Joãozinho” que segundo ele era a nova moda de Paris. Eu só consegui rir da
cara dele (por dentro). Ele pareceu ser gente boa, apesar de sua essencial
excêntrica e nada subestimável. Logo depois algumas manicures tomaram as minhas
mãos, os meus pés e lá estavam me questionando sobre que cor eu gostaria de
usar. Eu me via como uma boneca de pano que era passada de mão em mão com o
objetivo final de parecer apresentável ao público.
No final, Adamastor e
eu, concordamos que um coque baixo e embutido por tranças ficaria legal, e que
um olho de gato e uma maquiagem leve combinariam. Escolhi um rosa goiaba para
unhas e eles pediram, só para lembrar daquela época em que a Ana foi princesa:
uma coroa.
Adamastor me lançou um
olhar cintilante, quase todos me lançaram esse olhar. Uma espécie de olhar que
vagava da minha pessoa para a cora de diamantes que brilhava e berrava o meu
nome como uma multidão enfurecida.
- Agora a coroa,
princesa! – disse Adamastor enquanto caminhava até a cama e a coloca teatralmente
em suas mãos.
Existe um pedaço do
filme em “Alice no País das Maravilhas” em que Alice caí no buraco do coelho,
as coisas começam a desfocar e o tempo a se perder de vista. Alice deixa de ser
Alice. E foi exatamente o que eu senti quando Adamastor colocou a coroa de
diamantes na minha cabeça. Eu caí num buraco. Ana havia deixado de ser Ana.
Ora! Eu gostava de ser Ana. Como combater algo, quando você é o “algo” a se
combater? Não é lógico. Não para mim. Pigarrei e retirei a coroa da minha
cabeça, entregando-a para Adamastor enquanto todos olhavam de forma atônita e
assustada na minha direção.
- Ana, você precisa
ficar com a coroa – ele disse sem recolhê-la da minha mão.
Só que eu insisti. Eu
era boa nisso. Aprendi ainda pequena e nunca mais esqueci.
Então ele teve que pegá-la das minhas
mãos.
-
Eu vou usar uma coroa, Adamastor.
Ele saltitou e um
sorriso brotou outra vez dos seus lábios, enquanto direcionava a coroa
novamente na minha direção. Mas eu não correspondi, balancei a cabeça
negativamente e permaneci ali parada de frente ao espelho olhando a minha
imagem.
- Mas não qualquer
coroa, uma coroa de flores.
Agora ele olhava para uma mulher baixinha que
parecia ter mais de 30 anos. E deu uma piscadela, ordenando em seguida que ela
providenciasse a coroa. E sem mais, todos saíram e eu fiquei ali sozinha.
Mais uma vez.
Mais tarde, quando eu
já estava a postos e de vestido, esperando pelas minhas flores, ou por qualquer
ser humano que me levasse para respirar um ar puro, Adamastor passou o seu
rosto por entre a porta após leves batidas. Como se pedisse licença, entrou no
quarto carregando a minha coroa. Ela parecia ser revestida com pequenos galhos
que me lembraram um ninho de passarinho, e flores pequeninas e brancas, quase
como botões, flores que cintilavam absurdamente. As flores mais lindas que eu
já havia visto. Flores que até eu – como meu mortal – gostaria de ter ganho.
- Ainda bem que não são
flores rosa cor chá – eu disse sorrindo e o abraçando – Obrigada, Adamastor. De
verdade.
Ele sorriu em seguida e
colocou as flores na minha cabeça.
- Você me surpreendeu
hoje, Ana.
- Pelas flores?
- Não.
- Então pelo quê?
- Pelo coração.
Adamastor deu duas
batidas no meu ombro, me desejou boa sorte e seguiu para porta, mas antes de
sair, ele virou-se novamente para mim e disse em alto e bom tom: “Não é que
você parece mesmo com ela!”.
Provavelmente papai e
Adamastor cruzaram-se na saída, assim que Adamastor saiu Eduard entrou no meu
quarto, vestindo um smoking e uma faixa azul com algumas medalhas, ele segurava
outra faixa azul e depois de um beijo sereno na minha bochecha, colocou-a em
mim. Então tirou uma caixinha verde esmeralda de um de seus bolsos e abriu ali
na minha frente. Havia um colocar fininho, com pequenas estrelas que furtavam
cor.
- Sua mãe costumava
usar quando havia uma festa pelo palácio. E sempre havia uma festa pelo
palácio.
Tudo bem, eu não podia
chorar, os maquiadores fizeram milagre com os meus olhos que estavam inchados e
vermelhos. Eu não podia estragar tudo outra vez.
- Acho que ela pode me
emprestar hoje – eu disse sorrindo.
- Acho que pode – papai
me abraçou.
- Pronta, Ana?
-
Nasci pronta – eu disse enquanto pegava na sua mão, e engolia a minha mentira.
Em qual mentira nós estamos mesmo?
Enquanto caminhava com
o papai, encontramos a vovó Pérola assim que estávamos entrando no salão. Ela
parou e nos encarou por um tempo, com o queixo tremendo. É como ver um
fantasma. Eu entendia.
- Como está linda, Ana!
– ela veio no meu caminho e me abraçou – Uma verdadeira princesa. Você está
usando o colar. Como sua mãe – e o queixo tremeu mais uma vez. – E o discurso,
minha princesa?
Eu só consegui
abraça-la de volta. Seja forte, Ana. Seja forte.
-
Óh. Está muito bom. Não vou ler agora para não estragar a surpresa, mas Meu
Deus como está bom!
Acho
que estou gritando um pouco. Meu Deus, eu não sei fingir. Cadê essas aulas de
teatro prático nas escolas, hein?
-
Fico muito feliz em saber disso – ele acariciou a minha mão – Vou resolver
alguns assuntos com a imprensa. Volto em breve – e saiu com a vovó em
companhia.
Eu
havia esquecido do maldito discurso. Para que um discurso? Eu não posso dizer
“Bom, meu nome é Ana. Muito prazer. Até a próxima”. Menos é mais.
Lorenzo
veio na minha cabeça. Aquele idiota está me devendo o discurso. Ele vai ter que
me ajudar. Ah, vai!
Não era só os meus maquiadores,
ou Adamastor, ou papai, ou vovó que corriam por todo o palácio como se daquilo
dependesse as suas vidas, mas exatamente todo mundo estava correndo. Alguns com
sorrisos no rosto, outros segurando flores nas mãos, outros com pratos, com
toalhas, com vestidos, com vasos, com talheres, com almofadas, com vidraria. Se
eu pudesse sentar num dos bancos e analisar a situação, provavelmente estaria
sorrindo. É muito bom observar aquilo que você não faz parte. Tudo parece uma
cena de um filme e te dá vontade de puxar a pipoca e diminuir a luz do ambiente.
Só que eu não podia fazer nada daquilo, não quando ainda estava com a corda no
pescoço". E só para me lembrar, eu fazia parte da cena e nunca seria eu a pessoa
a estar comendo o saco de pipocas. Ao menos, não hoje.
No meio daquela
confusão, tentei identificar os cabelos de Lorenzo, ou porte, ou o terno, ou os
olhos, qualquer coisa, mas eu só conseguia ver mais gente que ia e vinha de
algum lugar, para não sei onde. Pessoas que às vezes não olhavam na minha cara,
porque quase ninguém sabia que eu sou um mártir da realiza. E eu gostava
disso, digo, eu gostava de ser invisível. Sempre gostei. Acontece que quando
você é invisível por muito tempo, ou sei lá, passa a sua vida inteira correndo
por aí com o seu tênis adidas como mais um mero mortal, digo mais, quando você
se camufla nas paredes da escola porque é só mais uma pessoa desinteressante no
meio de dezenas de pessoas desinteressantes, você simplesmente, se acostuma a
isso.
Tudo bem. Não há tempo
para reflexões. Lorenzo deve estar no seu quarto, sendo preparado para ser
apresentado como o meu noivo. AI MEU DEUS. O MEU NOIVO! Respira, Ana. Foca no
discurso. Corri até as escadarias novamente, fazendo um esforço sobre-humano
para não suar, não parecer aflita e permanecer com os fios de cabelo no lugar.
Como é difícil ser uma princesa. Se eu fosse só Ana, estaria de shorts e uma
camiseta largada, fazendo brigadeiro na cozinha. Mas agora eu não sou só Ana.
Sou Anastásia. A princesa perdida.
Até agora a minha roupa
continuava intacta e os meus cabelos no lugar. A única coisa que não parecia
estar no lugar – quando eu vi o meu reflexo no espelho, ao subir a escada
pisando em ovos – era eu. Eu não sou mais eu. Se é que você me entende. Eu fico
triste por isso. Enquanto lutava com a minha segunda crise existencial do dia,
passou por mim, nada mais nada menos do que Laura. Isso mesmo. Estendam o
tapete vermelho, porque ela chegou.
Laura
vestia um vestido verde claro, de uma manga só e um coque embutido enlaçado em tranças
enviesadas. E lá no alto, brilhante, uma coroa. Discreta, mas uma coroa. Bom,
se ela quiser ser princesa no meu lugar, dou-lhe de muito bom grado o meu
posto. Ela apenas sorriu para mim, um daqueles sorrisos forçados. E parou
frente o espelho da escadaria, vendo se os cabelos permaneciam alinhados. Claro
que permaneciam alinhados, né? Ela deveria ter passado umas trezentas toneladas
de gel caro para que aquilo ficasse tão perfeito. Eu não consegui falar nada,
só fiquei ali, parada, olhando. E depois segui, já que 1) eu não podia perder
tempo invejando ninguém 2) eu precisava dá uns bons tapas na cara do Lorenzo
e claro 3) o meu vestido era mais bonito.
Como eu suspeitava,
Lorenzo estava em seu quarto. Eu pude ver que ele estava sentado na sua escrivaninha,
rabiscando qualquer coisa – abri a porta sem bater, relativamente devagar para
que ele não me desarmasse com o seu olhar. Claro que eu ainda estava meio sem
jeito depois daquela coisa toda da sala de vídeo. Pigarrei para chamar a sua
atenção, até que Lorenzo olhou para mim, com o olhar ainda distante e só depois
de muito tempo fez um sinal para que eu entrasse.
Eu estava com muita
raiva, mas o jeito como ele me olhou, a tristeza que saltava dos seus olhos me
sufocou e fiquei sem fala. Então um desespero atormentador me tomou e eu nem
perguntei se ele estava bem, um “você precisa me ajudar” brotou da minha boca
antes que eu pudesse tapá-la.
- Tudo bem com você,
Ana?
- Não. Nada bem. Eu
tenho que enfrentar todas aquelas câmeras e pessoas. Sozinha.
Ele pegou a minha mão e
me levou até o espelho. Eu não entendi muito bem o que ele estava tentando
fazer.
- Quem você vê aí?
Era eu. Óbvio. Me deu
vontade de dá uns tapas na cara do Lorenzo e depois sair correndo. Como é que
isso iria me ajudar? Ele deveria estar rabiscando algo para eu falar.
- Ora, Lorenzo. Sou eu
e você.
- Bom. Muito bom. – ele
disse sorrindo.
- E como isso vai me
ajudar a escrever alguma coisa que tenha nexo e não contenha as palavras “vou
desmaiar”? Colabora, né!
- Você e eu. Essa fórmula
não vai funcionar apenas frente a esse espelho. Você e eu, lá fora também. Você
e eu, sempre que você quiser. Vai ter você e eu, até quando você não quiser. E
tudo bem se você vier com mil e uma desculpas sobre “eu não sei fazer a droga
de um discurso”. Ninguém sabe, Ana. As pessoas só falam o que vem no coração,
que é o que importa no final das contas.
Aquilo
era bonito. O que ele falou. Se eu tivesse ouvido em outro momento, as palavras
me calariam. Mas agora não é outro momento.
- Eu não vou conseguir,
eu sei o meu limite. Eu vou vomitar, e provavelmente cair de cabeça na sala e
todo o mundo vai ver que eu não sirvo pra ser princesa. Ao menos essa última
parte é boa.
- Ai Meu Deus, Ana.
Você pode errar. É permitido. É humano. As pessoas acertam e erram e acertam
outra vez. Mas não desistem, porque se você desistir antes de acertar, você vai
terminar cercada por quatro paredes, numa sala escura, sem ninguém para desejar
bom dia. E no final, você vai ver que você errou de qualquer forma. Quer dizer,
não de qualquer forma. Você errou da pior forma possível, você errou sem nem
mesmo tentar acertar.
Engoli
em seco. E ele não parou.
- Você vai encarar todo
mundo e falar o que vem daqui – ele tocou no meu peito – do teu coração. E que
se dane se tiver nexo ou não. E que se dane se nem todos estiverem de queixo
caído porque você não usou duas ou três palavras, as quais precisa-se de um dicionário
para traduzi-las. Eu sei que o que passar pela tua cabeça é “É fácil falar. Ele
já está acostumado com isso mesmo”. Não, Ana. Não estou acostumado com o fato
de ter que passar horas em reuniões, não estou acostumado com o fato de
escrever relatórios sobre quantas vezes eu respirei por dia, não estou
acostumado com o fato de ter os olhos do meu pai me testando sempre que faço
algo de errado. E eu sempre faço algo de errado. Não estou acostumado com o
fato de fazer discursos. Não estou acostumado com o fato de ter essa vida aqui,
de estar (ou não) noivo. Não estou acostumado com o fato de ter que te provar
24 horas por dia que você é capaz de fazer coisas extraordinárias.
Ele pausou depois de
falar seguidamente sem respirar. Como eu queria cair ali no chão e passar seis
dias chorando. Como eu gostaria de ser capaz de inundar aquele quarto de
lágrimas e sair velejando uma caravela como Colombo fez para chegar ao Brasil. Mas
eu não fiz nada disso, apenas continuei ali, o encarando. Esperando que ele levantasse
a cabeça novamente para que eu pudesse dizer que ele “está muito enganado ao
meu respeito”. Só que ele foi o primeiro à levantar a cabeça e a voz:
- Não estou acostumado
com o fato de muito provavelmente estar apaixonado por você – ele completou.
- Lorenzo, eu... – eu
perdi a maldita da minha voz.
- Eu só acho que você
tem que fazer isso – ele disse me abraçando – porque ninguém mais conseguirá
fazê-lo por você.
Nós
ficamos calados, durante o abraço mais demorado da minha vida. O meu rosto
estava acomodado no seu pescoço e eu jurei que o mundo poderia acabar ali
mesmo. Naquele instante.
Lá vem eu
exagerando outro vez.
Tudo bem. Eu não
estava exagerando.
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